Segmento ocupa 10% do mercado brasileiro de vacinas, segundo a ABCVAC

Parceira complementar do setor público, a rede de clínicas privadas de vacinação aplica cerca de 15 milhões de doses por ano. O carro-chefe é a vacina contra a gripe com 7 milhões de doses anuais. A receita ultrapassa R$ 2 bilhões. O mercado cresce no rastro da revalorização das vacinas com a covid-19.

“A indústria da biotecnologia está no centro da atenção mundial. Novas plataformas de desenvolvimento e recursos devem trazer para o mercado, além da vacina contra o coronavírus, novos imunizantes contra outras doenças”, afirma Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC).

A entidade, criada em 2016, hoje representa 300 clínicas, responsáveis por cerca de 70% do mercado privado de vacinas. Três mil clínicas se distribuem em 15 mil pontos privados de vacinação, mas a conta inclui também farmácias e laboratórios. O segmento ocupa 10% do mercado brasileiro de vacinas.

O suporte ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) é feito há 40 anos. Clínicas privadas ajudam o país a atingir as metas de cobertura com a vacinação corporativa e a oferta de imunizantes excluídos do PNI.

Enquanto o Sistema Único de Saúde oferece 25 tipos de vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, o setor privado põe à disposição do público 40 imunizantes. Entre eles estão as vacinas da meningite do tipo B, herpes e dengue.

Algumas se diferenciam das oferecidas pelos SUS em número de reforços. Não é só. As vacinas de HPV, por exemplo, são dadas no setor público em meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. No setor privado a indicação pode atingir outras faixas etárias de acordo com recomendação médica.

O mercado privado de vacinas é abastecido por quatro laboratórios: GSK, Sanofi- Pasteur, MSD e Pfizer. Há ainda o suporte de duas instituições governamentais e três fundações: Instituto Butantan (São Paulo), Bio-Manguinhos/Fiocruz (Rio de Janeiro), Fundação Ataulpho de Paiva, Fundação Ezequiel Dias e Instituto de Tecnologia do Paraná.

Praticamente todas as vacinas oferecidas pelas clínicas são importadas pelos próprios fabricantes multinacionais. Apesar de ter como potencial e público-alvo cerca de 10% da população brasileira, as clínicas privadas são limitadas pela oferta de produtos disponíveis na indústria.

Do ponto de vista de giro financeiro o mercado vem crescendo a uma taxa superior a 20% ao ano nos últimos 7 anos. O desempenho é um resultado da introdução de novos imunizantes, com maior valor agregado e um custo em média superior a US$ 100 para os clientes. Esse valor é quase 10 vezes maior que o custo médio da vacina mais cara disponível 20 anos atrás.

O maior desafio do setor é a escassez de vacinas. O quadro se agravou nos últimos cinco anos. Algumas clínicas registram queda de 20% a 30% na cobertura vacinal. Além da falta de imunizantes há a resistência por conta das campanhas de descrédito das vacinas e a queda do poder aquisitivo dos brasileiros desde 2016.

“A falta de vacinação é um risco muito grande às famílias e ao país”, afirma Daniel Tendler, sócio-diretor da Prophylaxis, criada em 1992 e hoje uma das maiores redes de clínicas de vacinação do país, com unidades no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Porto Alegre, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, mais uma cadeia de parcerias em outros Estados.

A ABCVAC conduz as negociações para a aquisição de vacinas contra covid-19. As conversas são com o Bharat Biotech, da Índia. As tratativas preveem 5 milhões de doses, mas o processo ainda depende de registro na Anvisa. O agendamento antecipado, porém, é rechaçado pela associação como especulação.

Há o temor de algumas clínicas de que a pré-venda resulte em processos judiciais caso

a vacina não seja autorizada ou haja atraso na entrega. Teme-se também ações caso o setor público não resolva antes a vacinação dos grupos prioritários pelo SUS.

“O acesso à vacina tem que ser universal”, diz Carlos Magalhães, diretor-administrativo da Vacinar, criada em 1997 e focada na vacinação do mercado corporativo com a aplicação de cerca de 400 mil doses por ano.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Categories: ABCVAC na mídia

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