Em 2020 as clínicas foram responsáveis por aplicar mais de 7 milhões de doses e, para esse ano, a expectativa é maior, uma vez que há mais ofertas de imunizantes
Embora todos os holofotes estejam voltados para a campanha de vacinação contra a Covid-19, não é a hora de descuidar e deixar de lado a preocupação com outras importantes doenças, em especial as respiratórias, como a provocada pelo vírus Influenza, a conhecida gripe. Diferente de um resfriado comum, todos os anos, ela causa centenas de milhares de internações e dezenas de milhares de mortes no Brasil e no mundo.
A ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacina) recomenda que a vacinação seja disponibilizada entre os meses de abril e junho. No entanto, ela deve continuar durante toda a temporada de gripe, enquanto o vírus estiver circulando, mesmo no inverno ou mais tarde.
A rede privada inicia em março a campanha anual de vacinação contra a Influenza e ressalta a importância da imunização neste período pandêmico. Em 2020 as clínicas foram responsáveis por aplicar mais de 7 milhões de doses, e para esse ano a expectativa é maior, uma vez que há mais ofertas de imunizantes. “Também pensando no cenário atual, os fabricantes trouxeram mais vacinas contra a Influenza”, explica o presidente da ABCVAC, Geraldo Barbosa.
Ao tomar a vacina, o indivíduo está evitando as complicações de uma gripe e a chance de idas e vindas a hospitais, em um momento de sistema de saúde está sobrecarregado e a força de trabalho saturada. “Imagina que já começamos a estação com hospitais lotados… se eles ainda tiverem que lidar com mais casos de internação vai ser ainda mais complicado”, preocupa-se Barbosa.
“Gripe é uma doença grave e podemos ter sua circulação simultaneamente a do Coronavírus. A vacinação nesse momento é muito importante”, reforça a infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Segundo o Ministério da Saúde, considerando a ausência de estudos sobre a co-administração das vacinas, não é recomendada a aplicação de doses contra a Covid-19 e a Influenza simultaneamente – orienta-se um intervalo de 14 dias entre uma e outra. Esse é mais um motivo para que as pessoas ainda não previstas no plano de vacinação contra o coronavírus vacinem-se contra a gripe: “Lembrando que para as faixas que podem se vacinar, a orientação é priorizar a imunização contra a Covid-19”, reforça Barbosa.
Segundo o executivo, é nessa campanha, em especial, que as clínicas mostram seu poder de trabalhar em conjunto com o PNI (Programa Nacional de Imunização): “Somos responsáveis por 8% de todas as doses aplicadas no país, atuando tanto com as pessoas que mesmo cobertas pelo setor público preferem se vacinar com a gente, quanto com os pacientes que não estão contemplados pelo programa”, explica.
Este ano, os grupos prioritários para o setor público são crianças entre 6 meses a 6 anos , gestantes e puérperas, povos indígenas, trabalhadores da saúde, idosos acima de 60, professores das escolas públicas e privadas, pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, pessoas com deficiência permanente, forças de segurança e salvamento, Forças Armadas, caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, trabalhadores portuários, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade.
Na rede privada, todos a partir dos 6 meses de vida podem se vacinar, se não tiverem contra-indicações médicas. As doses protegem contra quatro cepas (sorotipos) do vírus, incluindo uma das mais conhecidas, a H1N1 que tanto assustou em 2016.
Algumas clínicas do país já começaram a divulgar o recebimento de doses. A campanha nacional de vacinação do governo federal começa em 12 de abril.