Os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) são aliados dos pais de prematuros e são fundamentais para imunização dos bebês
São Paulo, 9 de novembro de 2022 – O nascimento prematuro de um bebê é sempre delicado, normalmente inesperado, e pode trazer um mundo de dúvidas e receios. No Brasil, mais de 300 mil nascimentos acontecem anualmente antes do esperado e, quando o assunto é imunização, é preciso atentar-se, já que dependendo do período da gestação, a criança nasce com poucos anticorpos maternos, essenciais na proteção contra várias infecções.1
Com o acompanhamento médico, prematuros devem ser vacinados de acordo com o calendário vacinal, que, inclusive, é diferenciado dos bebês nascidos a termo, como por exemplo a BCG, que só é aplicada em recém-nascidos com mais de 2 quilos.2,3
Segundo a neonatologista, Dra. Lilian Sadeck, os bebês que nascem prematuramente são mais suscetíveis às infecções. “Os anticorpos maternos passam da mãe para o feto a partir da 30ª, 32ª semana e vão aumentando progressivamente. Sendo assim, aqueles que nascem antes das 34 semanas contam com menos proteção biológica. Além disso, algumas destas crianças não conseguem receber o aleitamento materno e se tornam ainda mais vulneráveis”, explica a especialista.
O motivo que mais se destaca na explicação sobre o atraso na administração das vacinas de rotina é provavelmente a preocupação e falta de conhecimento sobre a segurança e possíveis eventos adversos em bebês prematuros.4 Porém é importante esclarecer que existe um calendário de imunização exclusivo para prematuros1, indicado pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), de modo a garantir maior proteção de forma personalizada para as necessidades deste bebê.
Com exceção da Meningogócica B, todas as demais – BCG ID, Anticorpo monoclonal específico contra o VSR (Virus Sincicial Respiratorio) , Hepatite B, Rotavírus, Tríplice bacteriana (difteria, tétano, coqueluche), Haemophilus influenzae b, Poliomielite inativada (VIP), Pneumocócica conjugada, Meningocócicas conjugadas ACWY ou C, Influenza, Febre amarela, hepatite B, tríplice viral e antitetânica – estão disponíveis no Sistema Público de Saúde (SUS), através dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE).1
“Criado a partir do princípio da equidade, os CRIE foram idealizados para atender pessoas com necessidades especiais e específicas, incluindo atualmente os bebês prematuros extremos – nascidos antes de 31 semanas ou com menos de 1kg -, que precisam de um calendário vacinal personalizado para protegê-los de forma mais adequada. Criado em 1993 e com 52 unidades em todo o Brasil, sendo que cada estado deve contar com pelo menos um, é no CRIE que as mães contam com atendimento exclusivo e humanizado para ela e para o bebê e onde todas as vacinas são aplicadas com orientação e cuidado”, afirma a Dra. Sonia Faria, infectologista pediatra e médica do CRIE de Santa Catarina.
Além disso, desde janeiro de 2021, o programa ampliou a disponibilidade de vacinas combinadas acelulares, que podem ser uma ferramenta essencial para combater baixas coberturas vacinais e proporcionar mais conforto no momento da vacinação, uma vez que em uma única picada, o paciente recebe proteção contra mais doenças.5
Mãe de duas crianças prematuras e voluntária da ONG Prematuridade.com, Suellen Martins, conta que ser mãe de prematuros mudou sua vida completamente: “é uma experiência muito difícil e me fez perceber o quanto estes pais precisam de suporte emocional, de saúde, jurídico… Mesmo sendo da área da saúde, descobri os CRIE apenas na minha primeira gestação, junto da descoberta da ONG. Um me ajudou a cuidar da vida da minha filha, com orientações médicas, medicamentos, vacinação; e outro com suporte jurídico, acolhimento, apoio”.
Denise Suguitani, fundadora e diretora executiva da ONG Prematuridade.com, se orgulha da organização e explica como se dá o apoio à causa dos prematuros: “Temos um conselho científico interdisciplinar na área de neonatologia que nos suporta em campanhas de sensibilização sobre causas e consequências do parto prematuro e na capacitação de profissionais de saúde. Acolhemos e apoiamos famílias de bebês prematuros, falando, com prioridade sobre os CRIE e vacinação; e também atuamos junto aos poderes para desenvolvimento de políticas públicas, sempre em busca de direitos. Até aqui já tivemos muitas conquistas, mas precisamos de mais”.
Referências
1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Calendário vacinal do bebê prematuro. Disponível em: Link. Acesso em outubro de 2022.
2. Australian Government Department of Health. Vaccination for preterm infants. Disponível em: Link. Acesso em outubro de 2022.
3. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Vacinação em Pretermos. Disponível em:Link Acesso em outubro de 2022.
4. Gagneur A, Pinquier D, Quach C. Immunization of preterm infants. Hum Vaccin Immunother. 2015;11(11):2556-2563. doi:10.1080/21645515.2015.1074358.
5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações. Informe Técnico. Vacina Penta Acelular (Adsorvida Difteria, Tétano, Pertussis (acelular), Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) e Haemophilus influenzae b (conjugada) — DTPa/VIP/Hib e Vacina Hexa Acelular (Adsorvida Difteria, Tétano, Pertussis (acelular), Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada), Haemophilus influenzae tipo B (conjugada) e Hepatite B (recombinante) — DTPa/VIP/Hib/HB. Disponível em: Link. Acesso em outubro de 2022.