Pesquisa comparou desempenho do imunizante em dose dupla, administrado no hospital, com a vacinação ambulatorial em dose padrão, recomendada pelas diretrizes atuais

Síndromes coronarianas agudas representam a principal causa de morte e incapacidade no mundo, segundo dados da OMS

Pesquisas recentes mostram que a vacinação anti-influenza pode ser um importante aliado na prevenção de síndromes coronarianas agudas, que tem como causas mais frequentes as rupturas de placas de gordura ou formação de coágulos nas artérias do coração. Essa condição é a principal causa de morte e incapacidade em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Devido à alta mortalidade, pesquisadores do mundo todo buscam tratamentos mais eficazes, como intervenção coronária percutânea, terapia antiplaquetária, trombólise, uso de betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina/bloqueadores de receptores de angiotensina e terapias hipolipemiantes de alta intensidade, em especial terapias de alta adesão e fácil manejo, como as vacinas.

Segundo Otávio Berwanger, presidente do comitê executivo do estudo e pesquisador da Academic Research Organization (ARO) do Einstein, apesar do elevado número de terapias bem estabelecidas, ainda há um residual importante de pacientes em que o evento cardiovascular persiste mesmo após estas intervenções. “Temos a necessidade de determinar uma terapia eficaz, segura e de fácil administração para essa população de pacientes”, ressalta.

Nesse sentido a ARO do Einstein coordenou o estudo VIP-ACS, para avaliar se uma estratégia de vacinação contra influenza em dose dupla durante a hospitalização por uma síndrome coronariana aguda em comparação com a vacinação ambulatorial em dose padrão (recomendada pelas diretrizes atuais) reduziria ainda mais o risco de eventos cardiopulmonares maiores.

A vacina influenza é considerada uma grande aliada do coração. Isso porque o vírus influenza provoca um distúrbio no sistema imune com reflexos nas lesões coronárias provocando a ocorrência de eventos cardiopulmonares maiores, isto é, o surgimento de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, hospitalizações por causas pulmonares, entre outros. Nesse sentido, a vacinação contra influenza pode representar uma terapia potencial para prevenir eventos cardiovasculares.

Viabilizada por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), a pesquisa foi conduzida de forma randomizada, multicêntrica e teve seus resultados atestados por um comitê externo.

Na pesquisa, foram incluídos 1.801 pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, dentro de 7 dias de internação hospitalar, com síndrome coronariana aguda, e não previamente vacinados para a atual temporada de influenza. Os pacientes foram recrutados entre 1 de julho e 30 de novembro durante o período sazonal de 2019, e de 1 de março a 30 de novembro em 2020, a acompanhados durante 12 meses.

O estudo concluiu que os eventos adversos foram infrequentes e os resultados similares entre os grupos, ou seja, que a aplicação de vacina quadrivalente contra influenza em dose dupla antes da alta hospitalar não implica em redução de eventos cardiopulmonares se comparada com a vacinação ambulatorial em dose padrão entre pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda.

“Alguns estudos anteriormente já apontavam um potencial efeito na redução de efeitos cardiovasculares com o uso da vacina influenza. Nesse sentido, o estudo VIP-ACS testou se aumentar a proteção com vacinação dose dobrada versus uma vacina dose padrão poderia diminuir os eventos cardiopulmonares. Os resultados demonstraram que independente do esquema vacinal adotado não houve diferença entre os grupos. A mensagem clínica do estudo VIP-ACS é que independente da dose e do período a vacina influenza se faz necessária nesta população de alto risco”, explica Henrique Fonseca, pesquisador da ARO Einstein.

“Estudos similares ao VIP apontam que a vacinação não só reduz as doenças infectocontagiosas, mas também têm papel importante de proteção nas doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares. Vacinar é preciso!”, enfatiza.

Para saber mais detalhes, clique aqui.

About the Author

Dehlicom

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *