No início de abril, a Fundação Oswaldo Cruz anunciou resultados promissores nos testes de uma nova vacina contra a P. vivax, no que se refere ao efeito bloqueador da transmissão do parasita causador da doença
De acordo com o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Malária (Sivep-Malária), foram notificados 130.494 casos de malária no Brasil em 2022, o que representa uma queda de 7,8% em relação aos 140.462 casos registrados em 2021. [1]
A prevalência da doença na região amazônica, no entanto, segue acima de 99%, sendo o principal foco de malária no país: dos 130.494 casos notificados, apenas 34 casos foram na região extra-amazônica. [2]
As maiores incidências da doença no Brasil estão nas áreas rural, indígena e de garimpo, locais que já registram pessoas em condição de desnutrição, o que pode agravar o quadro clínico. O Amazonas encabeça essa lista; em 2022, o estado respondeu por 41,6% dos casos na região, seguido do Pará (19,2%) e de Roraima (19%). Na região extra-amazônica, as maiores incidências da doença foram registradas em São Paulo (21,1%), Santa Catarina (7,6%) e Goiás (7,4%).
Em 2021, não houve registro de infecção pela espécie parasitária Plasmodium malariae na região extra-amazônica; já na região amazônica, foram registrados casos de todas as variantes da doença: P. malariae, P. vivax, P. falciparum, P. ovale e Malária Mista (infecção concomitante por P. falciparum e P. vivax ou P. ovale). [2]
Em contrapartida, a taxa de intervenção em tempo hábil é melhor na região amazônica, onde mais da metade dos tratamentos são administrados em tempo oportuno, enquanto na região extra-amazônica, apesar da baixa incidência da doença, Alagoas e Rio Grande do Norte registraram 100% de tratamento em tempo inoportuno, o que pode comprometer as chances de cura do paciente.
Apesar da queda no número notificações da doença no país, a incidência global ainda é alta. Por outro lado, o número de óbitos pela doença pode ser considerado baixo. [3] De acordo com a OMS, foram registradas 619 mil mortes por malária no mundo em 2021 e 247 milhões de novos casos (95% na África).
Em 2021, a OMS anunciou a aprovação de um imunizante contra a malária com eficácia de cerca de 50% para evitar formas graves da doença. Entretanto, a vacina protege contra o tipo P. falciparum e, no Brasil, a variante mais prevalente é a P. vivax.
No início de abril, a Fundação Oswaldo Cruz anunciou resultados promissores nos testes de uma nova vacina contra a P. vivax, no que se refere ao efeito bloqueador da transmissão do parasita causador da doença. A pesquisa foi realizada pela Fiocruz Amazônia em parceria com a Fundação de Medicina Tropical (FMT) e conta com financiamento do Fundo Global de Tecnologia Inovadora em Saúde (GHIT), do Japão.
Já o Ministério da Saúde, com apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) lançou em 2022 um Plano Nacional de Eliminação da Malária, com o objetivo de diminuir os casos autóctones até 2025, reduzir para zero o número de óbitos ate 2030 e eliminar a doença até 2035 no país.
No dia 25 de abril é celebrado o Dia Mundial de Combate à Malária. Para 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu o tema “Time to deliver zero malária – invest, innovate, implement” e revelou que irá focar no terceiro “i” (implement) e na importância fundamental de alcançar populações marginalizadas com as ferramentas e estratégias disponíveis atuais.
Publicado originalmente pelo Medscape Brasil