Legenda: 28 de março de 2023, Maria Martinez com a filha Alice Yasmin Martinez, de 3 meses, nos braços, após a bebê receber a primeira dose da vacina VIP na Unidade de Saúde da Família Lago do Aleixo, no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona leste de Manaus, Brasil. Foto: © UNICEF/U.S. CDC/ Hiller

Novos dados da OMS e do UNICEF mostram sinais promissores de recuperação em alguns países. Nas Américas, os países conseguiram interromper o declínio da cobertura

Os serviços globais de imunização alcançaram 4 milhões de crianças a mais em 2022 em comparação com o ano anterior, à medida que os países intensificaram os esforços para lidar com o retrocesso histórico na imunização causado pela pandemia da COVID-19.

De acordo com dados publicados, nesta terça-feira (18/07), pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em 2022, 20,5 milhões de crianças deixaram de receber uma ou mais vacinas por meio dos serviços de imunização de rotina, em comparação com 24,4 milhões de crianças em 2021. Apesar dessa melhoria, o número ainda é maior do que os 18,4 milhões de crianças que não foram imunizadas em 2019, antes das interrupções relacionadas à pandemia, destacando a necessidade contínua de esforços de recuperação, atualização e fortalecimento do sistema.

A vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP) é utilizada como indicador global de cobertura de imunização. Das 20,5 milhões de crianças que perderam uma ou mais doses da DTP em 2022, 14,3 milhões não receberam nenhuma dose, conhecidas como crianças ‘zero-dose’. Esse número representa uma melhoria em relação aos 18,1 milhões de crianças sem nenhuma dose em 2021, mas ainda é maior do que os 12,9 milhões de crianças em 2019.

“Esses dados são encorajadores e um tributo àqueles que trabalharam tão arduamente para restaurar os serviços de imunização que salvam vidas após dois anos de declínio na cobertura de imunização”, disse o Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Mas as médias globais e regionais não contam a história completa e escondem desigualdades graves e persistentes. Quando os países e regiões ficam para trás, as crianças pagam o preço”.

As primeiras etapas da recuperação da imunização global não ocorreram de forma igualitária, com a melhoria concentrada em alguns países. O progresso em países bem financiados com grandes populações infantis, como Índia e Indonésia, mascara uma recuperação mais lenta ou até mesmo declínios contínuos na maioria dos países de baixa renda, especialmente na vacinação contra o sarampo.

Dos 73 países que registraram declínios substanciais* na cobertura durante a pandemia, 15 se recuperaram aos níveis pré-pandemia, 24 estão a caminho da recuperação e, o mais preocupante, 34 estagnaram ou continuaram em declínio. Essas tendências preocupantes ecoam padrões observados em outras métricas de saúde. Os países devem garantir que estejam acelerando os esforços de atualização, recuperação e fortalecimento para alcançar todas as crianças com as vacinas de que precisam e, aproveitando que a imunização de rotina é um pilar fundamental da atenção primária à saúde, progredir em outros setores de saúde relacionados.

A vacinação contra o sarampo – um dos patógenos mais infecciosos – não se recuperou tão bem quanto outras vacinas, colocando mais 35,2 milhões de crianças em risco de infecção. A cobertura da primeira dose da vacina contra o sarampo aumentou para 83% em 2022, em comparação com 81% em 2021, mas permaneceu abaixo dos 86% alcançados em 2019. Como resultado, no ano passado, 21,9 milhões de crianças não receberam a vacinação rotineira contra o sarampo em seu primeiro ano de vida – 2,7 milhões a mais do que em 2019 -, enquanto outras 13,3 milhões não receberam a segunda dose, colocando crianças em comunidades com baixa cobertura vacinal em risco de surtos.

“Por trás da tendência positiva, há um aviso grave”, disse Catherine Russell, diretora executiva do UNICEF. “Até que mais países corrijam as lacunas na cobertura de imunização de rotina, as crianças em todo o mundo permanecerão em risco de contrair e morrer de doenças que podemos prevenir. Vírus como o sarampo não reconhecem fronteiras. Os esforços devem ser fortalecidos com urgência para alcançar as crianças que perderam suas vacinações, ao mesmo tempo em que se restaura e melhora ainda mais os serviços de imunização em relação aos níveis pré-pandemia”.

Os países que mantiveram uma cobertura estável e sustentada nos anos anteriores à pandemia conseguiram estabilizar melhor os serviços de imunização desde então, conforme indicado pelos dados. Por exemplo, a Ásia Meridional, que relatou aumentos graduais e contínuos na cobertura na década anterior à pandemia, demonstrou uma recuperação mais rápida e robusta do que as regiões que sofreram declínios prolongados, como a América Latina e o Caribe.

Cobertura de vacinação se recupera nas Américas

Em 2022, os países e territórios das Américas conseguiram interromper o declínio na cobertura de vacinação que a região vinha registrando. A cobertura com a primeira dose da vacina que protege as crianças contra difteria, tétano e coqueluche atingiu 90%, em comparação com 86% em 2021. A taxa de vacinação com a terceira dose dessa vacina também aumentou para 83%, em comparação com 81% no ano anterior.

Todas as outras vacinas, que protegem contra doenças como a poliomielite, o papilomavírus humano e o rotavírus, melhoraram sua cobertura, com exceção da primeira dose da vacina contra o sarampo, que caiu de 85% em 2021 para 84% em 2022.

Embora os países também tenham conseguido reduzir o número de crianças que não receberam uma única dose de vacina aos níveis pré-pandêmicos (1,3 milhão), esse número continua alto, deixando 1 em cada 10 crianças da região desprotegidas contra uma série de doenças perigosas. Enquanto isso, 2,3 milhões de crianças não completaram seu cronograma de vacinação, embora o número seja o menor desde 2019.

“Os esforços dos países valeram a pena, mas ainda há muitas crianças nas Américas que não recebem as vacinas de que precisam para serem protegidas”, disse o Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). “Além disso, embora a cobertura tenha melhorado, as taxas não são ideais. Os países devem continuar a investir em seus programas de imunização para alcançar cada criança em cada canto de seu território”, disse ele.

A OPAS segue trabalhando com os países da Região e seus parceiros para fortalecer os programas de imunização e apoiar a implementação de campanhas para recuperar a cobertura, bem como para fortalecer a infraestrutura dos programas nacionais de imunização e melhorar a vigilância epidemiológica e laboratorial para detectar surtos e responder imediatamente.

Muitas partes interessadas estão trabalhando para acelerar a recuperação em todas as regiões e para todas as vacinas. No início de 2023, a OMS e o UNICEF, juntamente com a Gavi, a Fundação Bill & Melinda Gates e outros parceiros da Agenda de Imunização 2030 (AI2030), lançaram “The Big Catch Up”, uma campanha global de comunicação e promoção, instando os governos a recuperar as crianças que não haviam sido vacinados durante a pandemia, restaurar os serviços de imunização aos níveis pré-pandêmicos e fortalecê-los no futuro.

Sobre os dados

Com base em dados relatados pelos países, as estimativas da OMS e do UNICEF sobre a cobertura nacional de imunização (WUENIC) fornecem o maior e mais abrangente conjunto de dados do mundo sobre tendências de imunização para vacinas contra 13 doenças administradas por meio de sistemas de saúde regulares – normalmente em clínicas, centros comunitários, serviços de alcance ou visitas de profissionais de saúde. Para 2022, os dados foram fornecidos por 183 países.

Fonte: OPAS

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