Mães podem aproveitar momento de vacinação para tirar dúvidas; casos de mulheres que sentiam dores e desconfortos foram sanados por consultoras antes do nascimento do bebe
Observando a necessidade de mães que passam por dificuldades durante a amamentação, os serviços de vacinação privados encontraram uma nova forma de atender seu público, ampliando seus serviços por meio da consultoria às lactantes. Nos locais onde a vacinação acontece ainda no recém-nascido, no momento do recebimento da mãe na clínica, que leva o bebê para a tomada das primeiras doses de vacina, ela pode contar com profissionais especializados em lactação. “A orientação pode ser feita, ainda, antes do nascimento do bebe”, estimula Fabiana Funk, diretora da Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVAC).
Pela recente adaptação do mercado, não há pesquisas com dados formais sobre quantos serviços de vacinação oferecem a consultoria, mas ele vem crescendo, esclarece Fabiana. Ela conta que observa entre os associados um crescente interesse na criação de salas próprias para amamentação e consultoria. “Estimulamos este serviço, que é carinhoso com a maternidade e generoso com o bebê. Além disso, escasso.” Segundo a diretora, as clínicas oferecem conforto, possibilidade de agendamento, discrição e serviço personalizado para cada caso.
Fernanda Gomes, enfermeira e diretora da ImunoVacin, serviço de vacinação que atende lactantes em Indaiatuba, interior de São Paulo, comenta que “Casos comuns como bico rachado e recusa da mamada pelo bebê podem ser ajustados e estimular a continuidade da oferta do leite materno”. Segundo ela, a aderência a esse novo mercado também estimula que a mãe amamente o filho até, pelo menos, seis meses, como é preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), já que o aleitamento materno é a forma de proteção mais eficaz contra a mortalidade infantil, protegendo as crianças de diarreias, infecções respiratórias e alergias. Ela lembra que nada mais contextualizado com uma clínica de vacinação do que o apoio à lactante: “O leite é a primeira vacina da criança”, afirma. “Sendo assistidas, as mães conseguem passar por esse período difícil. A amamentação envolve diversas questões, como anatômicas, fisiológicas, hormonais, emocionais e psicológicas”.
Joana Mortari teve seu primeiro e único filho há quatro anos. Sem uma rede de apoio profissional exclusiva para o momento da amamentação, logo depois do parto, sentiu dificuldades. “Desde a primeira mamada eu sentia dores e achava aquilo normal. Depois de uma noite em claro, recorri a uma orientação personalizada e percebi que a amamentação é prazerosa e não dolorosa.”
Joana conta que aprendeu sobre a ordenha, as especificidades do encaixe do seio na boca do bebê e o equilíbrio da “pegada” com a descida do leite. “Antes da consultoria, meu leite empedrou e o bico do meu seio sangrava.”. Ela ainda aconselha: “Quem puder ter consultoria, faça isso logo no início. Faz toda diferença, principalmente nos casos de mães de primeira viagem. Além disso, cada bebê tem um jeito de mamar.”
A consultoria em amamentação é uma extensão do curso superior e vem crescendo, comenta a diretora da ImunoVacin. “Após o término dos cursos, desempenhei esse papel. Vemos enfermeiras, fonoaudiólogas, nutricionistas, fisioterapeutas ou médicas como consultoras”. Não há regulamentação formal para curso superior em consultoria de amamentação.
Fabiana acredita que, com o crescente número de clínicas e profissionais se especializando nesse tipo de atendimento, é possível que as regulamentações cheguem. “Temos como exemplo as doulas, que já têm sua situação profissional regulamentada e é muito contratada no caso de mulheres que escolhem partos humanizados.”
DOAÇÃO DE LEITE HUMANO
Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite materno, basta estar saudável e não estar tomando nenhum medicamento que interfira na amamentação. Quem quiser doar, pode procurar o banco de leite humano mais próximo ou ligar para o Disque Saúde, pelo número de telefone 136. A coleta pode ser feita na casa da lactante.
Alguns pontos de coleta também podem ser acessados pelas mulheres que estão amamentando, inclusive serviços de amamentação privados. Consulte a clínica da sua cidade. A ordenha pode ser feita no próprio local, com o auxílio de consultoras em amamentação.
“Estamos implantando o serviço aos poucos, mas, diante da importância e diante da facilidade que oferecemos, estimulamos que as clínicas se equipem com geladeiras e façam parcerias com o banco de leite local para estimular a doação de leite”, comenta a diretora da ABCVAC,
Segundo informações do Ministério da Saúde, no Brasil, cerca de 330 mil crianças nascidas a cada ano são prematuras ou têm baixo peso e precisam da doação de leite materno para sobreviver. O número representa 11% do total de crianças nascidas no país, média de 3 milhões por ano.
Algumas clínicas também já coletam doações de leite humano em cidades onde estão instalados bancos de leite para entrega de coleta. Os locais onde estão localizados os bancos de leite humano podem ser consultados pelo número 136.