As empresas planejam iniciar um estudo de fase 3 em pacientes com melanoma
de alto risco em 2023 e expandir rapidamente para outros tipos de tumores como câncer de pulmão de células não pequenas
A Moderna Inc, empresa de biotecnologia pioneira em terapias e vacinas de RNA mensageiro (mRNA), e a MSD, anunciaram os resultados de uma vacina experimental baseada em RNA mensageiro (mRNA) que reduziu em 65% o risco de que o câncer de pele mais letal, chamado melanoma, se espalhasse como mestastases à distância em relação ao tratamento apenas com a imunoterapia.
Os resultados, apresentados na reunião da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), em Chicago, nos Estados Unidos, indicam dados ainda mais promissores que os dados apresentados anteriormente, que indicavam uma redução de 44% no risco de recorrência ou morte em pacientes com melanoma.
As descobertas se somam a um crescente conjunto de evidências sugerindo que a tecnologia de mRNA, que ganhou destaque durante a pandemia de Covid-19, pode ser usada para desenvolver vacinas personalizadas que preparam o sistema imunológico do paciente para atacar o tipo específico de células cancerígenas do tumor daquele paciente.
“Estamos entusiasmados em compartilhar esses resultados com a comunidade oncológica e animados em ver um resultado tão excepcional em reduzir a chance de recorrência ou morte de melanoma. Os pacientes com metástase, normalmente têm piores resultados de sobrevida e um prognóstico ruim, portanto, esses resultados mostrando uma redução no risco de recorrência à distância, ressaltam o potencial da terapia com neoantígenos”, disse Kyle Holen, MD, vice-presidente sênior e chefe de desenvolvimento, terapêutica e oncologia da Moderna.
“Esses resultados se somam ao quadro emergente de como a terapia individualizada de neoantígenos, através dessas vacinas, pode avançar o tratamento do melanoma e a promessa que pode representar para outros tipos de câncer. Juntamente com a MSD, estamos avançando rapidamente em nossos esforços para levar essa inovação para os pacientes.”
“Com a divulgação dos últimos resultados, desejamos seguir ainda neste ano, em parceria com a Moderna, para a Fase 3 do estudo”, comenta Dra. Márcia Abadi, Diretora Médica da MSD. “A expectativa é ajudar os pacientes com a doença em estágio III e IV, que tem alto risco de ter a volta do câncer ou metástase em outras regiões do corpo”, completa.
Com base nos dados do estudo KEYNOTE-942/mRNA-4157-P201, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e a Agência Europeia de Medicamentos concederam a Designação de Terapia Inovadora e o esquema de Medicamentos Prioritários (PRIME), respectivamente, para vacina mRNA-4157 (V940) em combinação com Keytruda, para o tratamento adjuvante de pacientes com melanoma de alto risco após ressecção completa.
Os eventos adversos relatados com mRNA-4157 (V940) no KEYNOTE-942 foram consistentes com os observados anteriormente em um ensaio clínico de Fase 1. O perfil de segurança de Keytruda foi consistente com os achados de estudos anteriores. O número de pacientes que relataram eventos adversos de Grau ≥ 3 relacionados ao tratamento foram semelhantes entre os braços (25% vs 18%, respectivamente). Os eventos adversos mais comuns de qualquer grau atribuídos ao mRNA-4157 (V940) ou à combinação de mRNA-4157 (V940) e Keytruda foram: fadiga (60,6%), dor no local da injeção (55,8%) e calafrios (50,0%).
Sobre mRNA-4157 (V940)
O mRNA-4157 (V940) é uma nova terapia individualizada de neoantígenos baseada em ácido ribonucleico mensageiro (mRNA), que consiste em um único mRNA sintético que codifica para até 34 neoantígenos, projetados e produzidos com base na assinatura mutacional única da sequência de DNA do tumor do paciente. Após a administração no corpo, as sequências de neoantígenos derivadas de algoritmos e codificadas por RNA são traduzidas endogenamente e passam por processamento e apresentação de antígenos celulares naturais, uma etapa chave na imunidade adaptativa.
As terapias individualizadas de neoantígenos são desenvolvidas para estimular o sistema imunológico, possibilitando que o paciente gere uma resposta antitumoral específica. O mRNA-4157 (V940) é desenvolvido para estimular a resposta imune, gerando respostas específicas de células T com base na assinatura mutacional única do tumor de um paciente. Keytruda é uma imunoterapia que funciona aumentando a capacidade do sistema imunológico do corpo para combater as células tumorais. Com base em estudos clínicos iniciais, a combinação de mRNA-4157 (V940) com Keytruda pode potencialmente fornecer um benefício aditivo e aumentar a destruição mediada por células T de células tumorais.
Sobre o melanoma
O melanoma, é a forma mais grave de câncer de pele, é caracterizado pelo crescimento descontrolado de células produtoras de pigmento. A ocorrência de melanoma vêm aumentando nas últimas décadas, com quase 325 mil novos casos diagnosticados em todo o mundo em 2020.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2023/2025 sejam diagnosticados no Brasil 8.980 novos casos de câncer de pele tipo melanoma (4.640 em homens e 4.340 em mulheres). Esses valores correspondem a um risco estimado de 4,37 casos novos a cada 100 mil homens e 3,90 para cada 100 mil mulheres (Instituto Nacional de Câncer, 23/11/2022). Estudos mostram que existe uma tendência de aumento nas taxas do câncer de pele melanoma nos últimos anos, mas que esse aumento varia com a idade das pessoas diagnosticadas.
O melanoma é 20 vezes mais frequente em pessoas de raça branca do que em pessoas negras. Em geral, o risco de melanoma é de cerca de 2,6% em brancos, 0,1% em negros e 0,6% em hispânicos. Entretanto, esse risco pode ser afetado por uma série de fatores de risco individuais. O melanoma é mais comum entre os homens, mas antes dos 50 anos as taxas são mais altas entre as mulheres.
Sobre a injeção de Keytruda® (pembrolizumab), 100 mg
Keytruda é uma terapia anti-receptor de morte programada 1 (PD-1), que funciona aumentando a capacidade do sistema imunológico do corpo, para ajudar a combater as células tumorais. Keytruda é um anticorpo monoclonal humanizado que bloqueia a interação entre PD-1 e seus ligantes, PD-L1 e PD-L2, ativando assim linfócitos T que podem então atacar células tumorais.
A MSD tem o maior programa de pesquisa clínica em imuno-oncologia do setor. Existem atualmente mais de 1.600 ensaios clínicos que avaliam o Keytruda em uma ampla variedade de cânceres e configurações de tratamento.