Mais de 2,7 milhões de crianças menores de um ano nas Américas deixaram de receber as vacinas recomendadas, afirmou o Dr. Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em coletiva de imprensa. Com isso, a região se encontra em alto risco de surtos de doenças evitáveis por meio da imunização. E a chance de esses surtos efetivamente acontecerem é a maior observada em 30 anos.

O dia 22 de abril inaugurou a 21ª Semana de Vacinação nas Américas, que vai até o dia 29. A data traz consigo um chamado para que todos os cidadãos mantenham suas cadernetas de vacinação em dia. Este ano, o mote da campanha de conscientização da OPAS é a hashtag #CadaVacinaConta.

Na coletiva, o Dr. Jarbas também destacou o histórico bem-sucedido do continente no que tange à imunização. “Em 1994, fomos a primeira região do mundo a eliminar a poliomielite e, em 2016, alcançamos o status de “região livre do sarampo”. Em 2017, o Haiti foi o último país das Américas a relatar um caso de tétano neonatal”, destacou o diretor da OPAS.

Mas, apesar dos avanços, a última década foi marcada por retrocessos nos programas nacionais de imunização na região. “Testemunhamos declínios nas taxas de cobertura vacinal, financiamentos para vacinação inadequados e crescente relutância em vacinar, em parte ligada à desinformação”, ressaltou o Dr. Jarbas.

A pandemia da covid-19 exacerbou essa tendência de queda nas taxas de vacinação. E, como resultado, os dados da OPAS apontam que, em 2021, uma em cada cinco crianças menores de um ano ficou com sua caderneta de vacinação incompleta.

Atualmente, há o risco de retorno de doenças como poliomielite e sarampo na América Latina e no Caribe, visto que essas doenças não foram totalmente erradicadas no mundo. “Há muitos casos de sarampo todos os anos na Europa, Ásia e África. E, a todo o momento, há o intercâmbio de pessoas, viagens, portanto, não é difícil que uma pessoa que viaje para um país em que há transmissão traga os vírus de volta para as Américas”, alertou o diretor da OPAS, lembrando que a importação de casos de sarampo, por exemplo, ocorre com frequência, porém, até o momento, não há o registro de surtos no continente, “graças à alta cobertura que vinha sendo mantida e à rápida ação dos serviços de vigilância em saúde”. 

Um relatório do Unicef publicado em abril de 2023 mostra que, nas Américas, o Brasil e o México encabeçam a lista de países com mais crianças que não receberam nenhuma vacina, figurando entre as 20 nações com o maior número de crianças com zero doses. Para o Dr. Jarbas, Brasil e México, assim como os demais países, precisam rastrear onde estão estas crianças e por que não estão se vacinando. “É muito importante fazer uma análise de cada país, de cada estado e de cada cidade”, pontuou, destacando que as barreiras são diferentes em cada local.

(fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6509486?reg=1&icd=login_success_email_match_norm)

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