Fabricante diz que deve começar a enviar o imunizante às clínicas privadas a partir de 26 de fevereiro
Para abordar a falta de vacina Qdenga nas clínicas privadas, a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) realizou uma reunião online com a fabricante Takeda, no dia 21 de fevereiro, aberta a todos os associados. Pelo menos 70% das clínicas privadas do Brasil tentaram receber doses da vacina e não conseguiram.
O desabastecimento no setor privado da vacina tem gerado preocupações para os pacientes que já tomaram a primeira dose. As clínicas de vacinação estão enfrentando dificuldades para garantir as segundas doses devido à falta de planejamento da fabricante.
Fabiana Funk, presidente do Conselho da ABCVAC, lembrou que desde 12 de janeiro a entidade tem mantido contato direto com a Takeda, buscando esclarecimentos para que a ABCVAC pudesse se posicionar oficialmente para as clínicas e, principalmente, para os pacientes que já tomaram a primeira dose.
Flavio Perrotti, diretor do Negócio de Vacinas da Takeda, explicou que devido ao aumento dos casos de dengue no país, o Ministério da Saúde e a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) agiram com antecedência na incorporação da vacina, reduzindo o prazo de 18 meses para 5 a 6 meses. Assim, a Takeda tomou a decisão de atender rapidamente à demanda do governo, priorizando o fornecimento público em resposta à situação endêmica da doença.
A primeira entrega ao Ministério da Saúde foi feita em janeiro, apenas um mês após a incorporação. Segundo Perrotti, a decisão da empresa foi motivada pela preocupação com o acesso dos pacientes ao produto, especialmente aqueles que dependem do sistema público de saúde. Ao setor privado, a Takeda optou por priorizar a segunda dose do produto e planejou fornecê-la aos distribuidores a partir de outubro até janeiro, com base na demanda normal do mercado.
A Takeda afirmou à ABCVAC que deve começar a enviar o imunizante às clínicas privadas a partir de 26 de fevereiro, porém, apenas 70% do quantitativo necessário para as segundas doses. A fabricante fez uma estimativa de que, com base na média histórica de adesão ao mercado, cerca de 50% das pessoas que receberam a primeira dose do produto provavelmente retornariam para a segunda dose. No entanto, eles decidiram planejar para uma adesão potencialmente maior, estimando que poderia chegar a 70%, assegurando que teriam capacidade para atender até 100% da demanda para a segunda dose, caso necessário.
“Entendemos que a partir de agora devemos começar a ter uma distribuição mais efetiva, sempre reforçando o foco em assegurar a segunda dose”, ressaltou Fabiano Ozório, diretor comercial e de relacionamento com o cliente da Takeda.
A ABCVAC defendeu que desde o início, quando a vacina foi disponibilizada no mercado, as clínicas privadas têm sido parceiras essenciais nesse esforço. No entanto, ao longo dessa parceria, muitas se sentiram desprestigiadas devido à falta de insumos, o que prejudicou sua capacidade de atender aos clientes adequadamente.
É importante ressaltar que a ABCVAC sempre esteve alinhada com as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e reconhece a importância do acesso equitativo às vacinas. No entanto, é necessário destacar que houve uma quebra de compromisso por parte dos fornecedores da Qdenga, resultando em falta de insumos para as clínicas privadas.
Muitas clínicas investiram significativamente para adquirir as primeiras doses da vacina e têm clientes exigentes, que esperam um serviço de alta qualidade pelo qual pagaram. Portanto, é compreensível que essas clínicas e seus clientes não aceitem facilmente a resposta de que os insumos não estão indisponíveis.
A ABCVAC solicitou à Takeda alinhamento com os distribuidores, para uma comunicação mais eficiente, e comprometimento com os pacientes que já tomaram a segunda dose. Alguns deles já entraram no Procon para exigir o seu direto. Além disso, clínicas das regiões Norte e Nordeste e as de pequeno porte também pedem atenção às suas demandas.
“Solicitamos um pouco mais de paciência, a situação está se normalizando. Não fazemos diferença em clientes por quantidades, ou seja, não há priorização daqueles que adquiram mais imunizantes”, respondeu Perrotti.
Em sondagem efetuada com 48 associados da ABCVAC, foram adquiridas 3.348 doses da Qdenga no mês de novembro de 2023. Em fevereiro de 2024, quando seriam aplicadas as segundas doses, apenas cerca de 700 foram entregues, o que representa menos de 21% da quantidade necessária, sem contar o estoque para novas pessoas que desejam iniciar o esquema vacinal.
Próximos passos
A ABCVAC já está organizando um ofício para enviar aos distribuidores da Takeda para alinhar a comunicação e as entregas, já que houve discrepância entre as informações. Além disso, será proposta uma reunião com essas empresas para garantir uma resolução rápida e eficaz.
Todos os associados são encorajados a entrar em contato com a entidade caso enfrentem problemas relacionados à falta de insumos. Para facilitar esse processo, será disponibilizado um formulário para que possam registrar detalhes importantes, como a data de aquisição das doses, número do pedido, contato do responsável, distribuidora envolvida e quaisquer outras informações relevantes.
Entendendo a importância dessas informações para os associados, a ABCVAC está comprometida em garantir que suas preocupações sejam ouvidas e tratadas de forma adequada, em prol dos pacientes.