Cobertura 5º CCV – Conhecer perfil de stakeholders é crucial para a gestão dos negócios no mercado de vacina

A importância dos dados para entender dinâmica, tendências e oportunidades que o mercado oferece é tema de palestra de abertura do segundo dia do 5CCV 

“O futuro é dos dados”. Essa é uma frase cada vez mais presente no dia a dia dos negócios, e na saúde e no mercado privado de vacinação não é diferente. Esclarecer como os dados podem de fato trazer novas oportunidades de negócios e apoiar a gestão da saúde foi o objetivo da palestra que abriu a programação do segundo dia do 5º Congresso Brasileiro de Clínicas de Vacinas (CCV). Marcelo Meletti, diretor sênior da IQVIA, abordou a importância dos dados, as tendências do mercado e os números que tangem a oportunidade que o segmento de vacinas oferece. 

Para o executivo, apesar de ser bastante pulverizado, o mercado privado de vacinação está em evidência. A Covid-19 trouxe a saúde para o foco da discussão, até mesmo das famílias que buscam um nível de saúde diferenciado. No entanto, segundo ele, a maioria dos players foca prioritariamente em fidelizar o cliente, quando existem uma série de agentes que atuam como alavancas e influenciam nos negócios.

Dos cerca de 3 bilhões faturados com vacinas, metade está em clínicas. No entanto, mesmo com essa representatividade – são cerca de 900 clínicas, sendo 262 associadas a ABCVAC – esse é um mercado cada vez mais compartilhado com outros players pelos quais os pacientes circula, como consultórios, hospitais, farmácias, home care e outros espaços. 

“As clínicas que identificarem potencial de mercado e organizarem as informações que têm do paciente, já estarão dando um passo importante para gerar novos negócios. Mas, na estruturação dos dados, é também preciso olhar para os médicos, buscando saber quem é o gerador de oportunidade e mapear concorrentes. A informação é um recurso importante para diferenciação da empresa e quem não souber mexer com dados nos próximos anos ficará defasado”, ressalta. 

Até mesmo por isso, juntamente com a ABCVAC, a IQVIA está desenvolvendo um projeto que trará subsídios para que os associados entendam sua região, seu público e demais stakeholders envolvidos no processo. A ideia é gerar inteligência competitiva para que clinicas se especializem em seus negócios. 

Contextualizando o cenário

Melleti também trouxe considerações relevantes de sua base de dados, que reúne informações de parceiros estratégicos, fabricantes, redes de farmácias, hospitais, distribuidores, traçando uma visão completa sobre o setor de vacinas. Atualmente, o mercado da saúde no Brasil gira em torno de 163 bilhões de reais e está entre os  dez principais do mundo em saúde e medicamentos e vem experimentando uma taxa de crescimento elevada, em torno de 23%.  

Grande parte desse resultado bem-sucedido está relacionado ao segmento de vacinas. Somente com Covid-19, foi possível agregar no mercado 16 milhões de reais, representando cerca de um terço do que as farmácias vendem no Brasil. Desta forma, vacinas representam 28% de tudo o que se movimenta na área hospitalar,  mostrando que se trata de um dos países mais maduros quando se fala do seu consumo. O mercado de vacinas corresponde a 22 bilhões de reais, sendo que o mercado privado corresponde a 25%. 

Meletti também disse que o Brasil encontra-se em uma posição bastante confortável em relação a outros países no que diz respeito à cobertura vacinal  de Covid-19, com 77%. Para ele, isso é um sinal bastante positivo de quanto o sistema de vacinação brasileiro está maduro para chegar no cliente final. E as clínicas de vacina tem papel importante nesse ecossistema. 

“Brasil posiciona-se como praticamente a segunda posição em vacinas no mundo, entre os 80 países, estamos com 10% de todo esse movimento de ampolas. O que é um sinal muito positivo e pode ser usado a favor do segmento no pleito de novas políticas no mercado”. 

Além disso, outra vantagem está no fato de 90% dos brasileiros reconhecerem na vacina uma forma de se proteger. Os dados são de uma pesquisa feita com mais de quatro mil pacientes. O resultado em outros países é bastante diferente, segundo ele, demonstrando o quão propício é cenário brasileiro para uma maturidade maior. 

Oportunidades 

A tendência é que o mercado de vacinas se desenvolva ainda mais nos próximos anos, inclusive graças aos investimentos governamentais que vêm sendo realizados com infraestrutura para produção de imunizantes. O Plano Nacional de Imunização (PNI), que tem quase 50 anos de fundação, atinge mais de 250 milhões de doses por ano e 33 mil salas de vacinação espalhadas em todo o território nacional. Enquanto outros países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, por exemplo, sofreram no início da pandemia com a falta de uma estrutura centralizada.

Mas, as oportunidades vão além. O executivo explicou que o envelhecimento da população cria um momento favorável para o surgimento de um novo público a ser explorado e que desconhece a possibilidade de acompanhar o calendário de vacinação. O desenvolvimento de novas tecnologias e vacinas para um número crescente de patologias também devem estar no radar. Existem cerca de 350 vacinas em fase de pesquisa clínica, abrindo espaço para um campo gigantesco nos próximos 20 anos. Ele destacou ainda a importância de olhar a área oncológica. São 32 diferentes imunoterápicos que permitirão a ampliação do espectro de atuação.  

“Esse é um mercado que não tem limites e que permite às clínicas escolherem onde gostariam de atuar, com quais públicos. Existem oportunidades de novos formatos e modelos sendo testados e aprovados pela população, como as clínicas populares, as clínicas em metrôs e as franquias. Existem 35 franquias diferentes registradas, dando ao paciente segurança de que a vacina é de procedência e está sendo armazenada no local adequado”, ressalta.  

Também é possível já observar um cenário bastante positivo de retomada da vacinação e dos pacientes voltando às clínicas, após as interrupções provocadas pela pandemia. “Quem estiver mais bem preparado, aproveitará essa demanda reprimida.”

Mais uma alavanca importante, segundo Meletti, é o investimento que a indústria farmacêutica faz nesse mercado. A cada trimestre são investidos cerca de 45 milhões de reais em campanhas junto aos médicos, demonstrando um cenário de retomada.

“As clínicas precisam diferenciar-se cada vez mais na experiência e na segurança do paciente. Além de buscar novas oportunidades que não existam e inovações do modelo como se chega ao paciente. O paciente está aí e quer ser atendido por diferentes canais”, finaliza.