Gerenciamento de estoque é fundamental em clínicas de vacinas

Base do controle de estoques é evitar faltas e minimizar perdas. Não se pode perder vendas nem produtos

O estoque é fundamental para o pleno funcionamento de qualquer negócio. Estoque baixo pode levar à falta de produtos, estoque muito alto pode ocasionar sobra de mercadorias ou até mesmo perdas, caso atinjam o prazo de validade. Clínicas de vacinação não estão isentas de fazer o adequado gerenciamento de estoque, afinal isso também tem impacto direto nos lucros. A pauta norteou o bate-papo, transmitido em live, do diretor da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) e fundador do primeiro marketplace de vacinação do Brasil – vacinas.net®, Marcos Tendler, com a médica e diretora da Clínica Mar Saúde, Marcia Rodrigues.

O controle de estoque evita perdas, minimiza custos e ajuda a controlar o dinheiro investido. O gerenciamento do estoque de vacinas preserva o domínio sobre as entradas e as saídas. Segundo Marcia, todos sabem que não existe genérico de vacinas, assim como não existem duas vacinas iguais. O que se tem são vacinas diferenciadas, com diferentes características e qualidades e da mesma forma as clínicas de vacinação não podem ser genéricas. O único jeito de escapar dos genéricos é se preparando para o “negócio de vacinas”. 

“Somos de uma associação que visa melhorar o nosso gerenciamento e esse gerenciamento é importante, porque é uma responsabilidade com os nossos clientes para que não falte as vacinas, não falte qualidade. É uma responsabilidade com os nossos funcionários também, para que eles não fiquem sem emprego. Quando temos uma clínica de vacinas, diferente de uma farmácia, temos que ter um negócio diferenciado e para tal temos que nos preparar e focar em duas palavras: negócio e, obviamente, vacinas”, ressaltou Marcia.

O primeiro passo para quem deseja trabalhar com imunização é se capacitar e se atualizar constantemente, do mesmo modo que participar de eventos, congressos e ler bulas. A médica destacou que ninguém pode se estabelecer à frente de uma empresa, seja ela qual for, sem se preparar para exercer aquela função. De acordo com Marcia, infelizmente os cursos do setor de saúde voltados para a área administrativa são muito pobres, por isso faz-se necessário formação complementar e indicou o curso de Sistema de Gestão Empresarial, do Sebrae, que pode ser feito online e tem entre seus módulos a disciplina de “Controle de Estoque”.

Aumento gradual

“A base do controle de estoques é que nós temos que evitar faltas, mas temos que minimizar perdas. Você não pode perder vendas nem produtos. Essa é a lógica básica, além de minimizar o curso financeiro. Você precisa ter algo chamado histórico de vendas. Quando você começa uma clínica, você não tem histórico de vendas, então no Sebrae uma das primeiras lições é: aumente gradualmente os seus estoques. Pode ser que no começo você tenha certas dificuldades, porque você não sabe qual é a sua demanda, muito menos a sua demanda de faltas”, explicou Marcia.

Para a médica, até que o empreendedor em clínica de vacinação tenha um histórico, é necessário observar atentamente quanto se vende de cada uma das vacinas. Com isso é possível traçar quanto de produtos é necessário para atender a demanda dos próximos três meses. Vacinas que são mais caras e que não estão em falta podem ser adquiridas semanalmente conforme a necessidade do negócio. Já vacinas que possuem falta crônica, pode ser necessário estoque de até um ano, sempre levando em consideração a validade dessas vacinas.

“Você tem que ter informação de mercado. O distribuidor segue a regra do crescimento gradual. Eles não vão bancar uma clínica que não segue essa regra básica. Nós temos que saber quais são as vacinas – através da prática, que cronicamente faltam no mercado. Essas vacinas requerem um tempo maior de estoque, em média, seis meses. Além disso, precisamos ter um ótimo conhecimento de mercado e fonte segura de informação de quando vai haver essa falta e quando ocorrerá o abastecimento”, disse Marcia.

Vacinas são um produto escasso no mundo todo. Não existe produção que atenda 100%. Em 2020 o Brasil disponibilizou 55 milhões de doses de vacinas contra a gripe, no entanto isso não significa que o Governo optou por esse valor, é o que se consegue disponibilizar. Marcia ressalta que no momento em que se sabe que existe essa quantidade, se direcionará para as populações que mais precisam e é o que vai acontecer com a vacina do coronavírus também. “Vacinas estão cronicamente em falta no mundo. Nós temos que conhecer esse mercado e saber que em determinados momentos temos de estar sempre a frente para prever essas faltas e nos abastecer”, alertou.

Coronavírus

De acordo com Marcia, quando a vacina contra a Covid-19 for disponibilizada para o mercado, os donos de clínicas poderão pensar em estoque semelhante ao que já é comprado para a gripe. Isto porque os grupos de risco serão atendidos pelo sistema público de saúde e são basicamente os mesmos atendidos em campanhas de imunização contra a gripe – com exceção das crianças. A médica acredita que o público-alvo no primeiro momento serão profissionais de saúde e idosos.

“Teremos um público-alvo bastante semelhante ao público-alvo de vacina contra gripe e nossa capacidade de aplicação, nesse caso, já conhecemos. Eu acho que seja uma boa meta ir nesse sentido. Não aposte em quantidade. Pense na sua estrutura e em quanto você consegue aplicar por dia”, reiterou.

Atenção às dicas

  • Mantenha um bom relacionamento com todos os fabricantes, distribuidores e representantes comerciais;
  • Compre a mesma vacina de laboratórios diferentes;
  • Trace um histórico de vendas com base na média dos dois anos anteriores ao atual;
  • Se planeje;
  • Invista em atendimento online e vacinação em domicílio;
  • Não arrisque!